Textos e atividade de
leitura
No texto que você vai ler de
Francisco José Tenreiro fala sobre a solidariedade sem fronteiras para com as
pessoas da raça negra, não importando o local de nascimento e sim a cor da pele
e a origem comum, é uma das maiores recorrências na poesia africana de língua
portuguesa dos anos 40 e 50, e afro-brasileira da década
de 60 à de 80. É a apologia do “Negro de todo o mundo”, na qual, o
sujeito poético assumindo um caráter coletivo, torna-se o porta-voz da sua raça
e se solidariza com todos os negros oprimidos, sejam aqueles que foram
escravizados no passado ou os que estão sofrendo a opressão colonial e o
preconceito racial no presente, ao mesmo tempo em que exalta as grandes
personalidades do mundo negro que se tornaram verdadeiros símbolos para a raça,
como o líder revolucionário haitiano Toussaint-Louverture, o pastor evangélico
Martin Luther King, o músico Louis Armstrong, e os poetas Langston Hughes,
Nicolas Guillén, Aimé Césaire e Senghor, entre outros.
NEGRO DE TODO O MUNDO (Francisco José Tenreiro)
O som do gongue
ficou gritando no ar
que o negro tinha perdido.
Harlém! Harlém!
América!
Nas ruas de Harlém
os negros trocam a vida por navalhas!
América!
Nas ruas de Harlém
o sangue de negros e de brancos
está formando xadrez.
Harlém!
Bairro negro!
Ringue da vida!
Os poetas de Cabo Verde
estão cantando...
Cantando os homens
perdidos na pesca da baleia.
Cantando os homens
perdidos em aventuras da vida
espalhados por todo o mundo!
Em Lisboa?
Na América?
No Rio?
Sabe-se lá!...
— Escuta.
É a Morna...
Voz nostálgica do cabo-verdiano
chamando por seus irmãos!
Nos terrenos do fumo
os negros estão cantando.
Nos arranha-céus de New-York
os brancos macaqueando!
Nos terrenos da Virgínia
os negros estão dançando.
No show-boat do Mississípi
os brancos macaqueando!
Ah!
Nos estados do sul
os negros estão cantando!
A tua voz escurinha
está cantando
nos palcos de Paris.
Folies-Bergères.
Os brancos estão pagando
o teu corpo
a litros de champagne.
Folies-Bergères!
Londres-Paris-Madrid
na mala de viagens...
Só as canções longas
que estás soluçando
dizem da nossa tristeza e melancolia!
Se fosses branco
terias a pele queimada
das caldeiras dos navios
que te levam à aventura!
Se fosses branco
terias os pulmões cheios
de carvão descarregado
no cais de Liverpool!
Se fosses branco
quando jogas a vida
por um copo de whisky
terias o teu retrato no jornal!
Negro!
Na cidade da Baía
os negros
estão sacudindo os músculos
Ui!
Na cidade da Baía
os negros
estão fazendo macumba.
Oraxilá! Oraxilá!
Cidade branca da Baía.
Trezentas e tantas igrejas!
Baía...
Negra. Bem negra!
Cidade de Pai Santo.
Oraxilá! Oraxilá!
Relacione o poema “NEGRO DE TODO MUNDO” de Francisco José Tenreiro, com o vídeo da música “Strange Fruit” interpretada por Diana Ross. Elabore um texto sobre a influência da cultura negra no mundo.
Relacione o poema “NEGRO DE TODO MUNDO” de Francisco José Tenreiro, com o vídeo da música “Strange Fruit” interpretada por Diana Ross. Elabore um texto sobre a influência da cultura negra no mundo.
Encontrei um canal com tradução simultânea do inglês para o português, espanhol e francês do poema Negro do Langston Hughes.
ResponderExcluirhttps://youtu.be/qVYGXSsG100